lunes, 3 de marzo de 2008

Viajando de baleia

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O profeta Jonas

João Cruzué

Jonas é um dos profetas antigos que mais se contextualiza em nossos dias. Quero dizer com isso que as Igrejas estão cheias de Jonas. Há um lado animador em sua história: quando foi confrontado por Deus, entrou em um processo reeducação, e para sair com vida, teve que submeter-se à vontade de Deus .

1 - Jonas era um teólogo moderno, pois se achava mais sabido do que Deus. Não que todo teólogo seja assim, mas grande parte são pessoas inchadas. Mas graças a Deus por eles, tanto pelos noviços quanto pelos que já provaram na própria pele, através de experiências com Deus. Dizem que na Faculdade de Gamaliel, Saulo de Tarso cai do cavalo. E Jonas, como costuma fazer muitos teólogos modernos, posicionou-se como crítico da vontade de Deus.

2 - Jonas estava seco do Espírito - apesar de ter vocação de profeta, andava envolvido por demais com as opiniões da época, em lugar de arranjar mais tempo para ouvir a voz de Deus. Hoje é do mesmo jeito: fazemos tudo correndo - até a oração é rápida, bem diferente da prioridade dos primeiros apóstolos. Estes, quando se viram envolvidos com muitos assuntos administrativos e de assistência social, separaram sete diáconos para servir às mesas e voltaram à oração e pregação da Palavra. Quando nós não temos tempo para ficar na presença do Senhor, perdemos a direção e depois a compaixão. A compaixão é um olhar com os olhos do Espírito de Deus, é o profundo entendimento de Deus das fraquezas humanas. Quando a compaixão sai, fica apenas o formalismo religioso. Se Jonas queria de fato a destruição do povo, já não enxergava com os olhos do Espírito.

3 - Por que Jonas não foi substituido ? Deus poderia muito bem ter nomeado outro profeta para pregar em Nínive; havia dezenas ou centenas deles em Israel. O fato é que a boa obra que Deus começou em Jonas, não iria deixá-la inconclusa. Deus o criara para um grande propósito: anunciar as palavras de juízo aos ninivitas e servir de exemplo às gerações futuras. Quando ele propositalmente não foi, o plano B de Deus entrou em ação. Jonas mudou de atitude porque tinha somente dus alternativas: ou ia ou morria.

4 - Jonas não era um pregador eloqüente - ele apenas repetia uma frase: "Em quarenta dias, Nínive será subvertida". Era isto mesmo que queria. Pregava a própria vontade. Isso mostra que Deus tem compromisso apenas com Sua vontade. Jonas pregava desejando que o juízo sobreviesse e destruísse os ninivitas. A vontade de Deus era diferente: com as palavras do profeta, Deus queria que acontecesse um arrependimento.

5 - Por que há tantos Jonas nas Igrejas? Porque estamos diante de uma pregação de um evangelho distorcido. Assim como Jonas, Deus criou cada um para um propósito santo. Todavia, há um evangelho secularista sendo pregado hoje focando apenas as necessidades dos cristãos. Tenho visto repetidas vezes, ao final de mensagens nos cultos os pregadores conclamando e até mesmo forçando as pessoas com problemas a vir à frente, para receber oração e a solução imediata dos problemas. Cada domingo, um novo pregador repete a mesma fórmula, e as mesmas pessoas estão de novo à frente do púlpito, pois nada aconteceu.

6 - Quando cristãos passam por lutas continuadas, a primeira coisa que deve ser analisada é se eles não estão no "ventre da baleia". É por não querer submeter-se à vontade de Deus, que eles estão passando por um processo de instrução prática, para abandono de suas próprias vontades. Não há oração que tire alguém do ventre da baleia, a não ser a aquela que aceita a vontade de Deus para si.

7 - Se é o seu caso, verifique atentamente se não está ocioso na obra do Senhor, ou querendo receber as bênçãos sem cumprir os compromissos de fidelidade da ocasião do seu batismo. Quando batizei-me ouvi isto bem claro: "Você promete ser fiel a Deus enquanto viver? Por isso compremeta-se com vontade do Senhor se quiser sair vivo do "ventre da baleia".


João Cruzué
Blog Olhar Cristão
cruzue@gmail.com

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